segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

O AMOR INCONDICIONAL

É a força regeneradora e a energia mais fundamental que move todo o universo.
O amor incondicional é aquele amor que, como a palavra expressa, não coloca nenhuma condição para se vivido. Nem condição de parentesco, de raça, de religião, de ideologia e de trabalho. Ama por amar. Entrega-se à energia universal que cria relações, gera laços, funda comunhão. Vai ao outro e repousa no outro assim como ele é. Sem intenção de retorno e de cobranças.
O amor incondicional possui características maternas, tem compaixão por quem fracassou. Recolhe o que se perdeu. E tem misericórdia por quem pecou. Nem o inimigo é deixado de fora. Tudo é inserido, abraçado e amado desinteressadamente.
Esse amor incondicional é profundamente terapêutico: fortalece quem é assim amado, pois o acompanha e envolve em sua queda, impedindo que esta seja completa e irremissível. Não há quem resista à força do amor incondicional. Por causa dele tudo é resgatável. Ele rompe sepulturas e transforma a morte em ressurreição.
O amor incondicional põe em movimento um imenso processo de libertação de: de carências, de opressões e de limitações de toda ordem. Resgata o sistema da vida em suas inter-retro-relações.
Esse amor libertador funda o dinamismo que pervade todo o universo e cada ser. No universo todos os seres existem e vivem uns pelos outros, com os outros, nos outros e para os outros. Ninguém está fora desta relação includente. Mais fundamental que o princípio de sobrevivência do mais forte (Darwin) é o da solidariedade-amor de todos para com todos (Bohr). É esse amor-solidariedade que constitui a grande comunidade cósmica, terrenal e humana. É ele que dá origem também ao princípio da reciprocidade-complementaridade. Um ajuda reciprocamente o outro a existir e a se desenvolver. Todos se complementam crescem juntos: as espécies, os ecossistemas e o inteiro universo.
O amor incondicional crê nas virtualidades latentes em cada ser. Nunca desespera na confiança de que a própria natureza revele sua energia regeneradora, de libertação de. Sabe por intuição que sempre sobra uma chama a ser alimentada, uma palavra a ser ouvida e um sinal de esperança a ser interpretado. Todos os sons, por mais destoantes, entram na imensa sinfonia universal.
Por outra parte, o entrelaçamento de todos com todos revela nossa profunda indigência e, ao mesmo tempo, nossa insuspeitável riqueza. Precisamos dos outros para ser e para nos libertar.
Paulo Freire nos deixou este legado: “Ninguém se liberta sozinho; libertamo-nos sempre juntos”. Temos uma indigência fundamental que nos faz esmoleres uns dos outros. De outro lado, somos portadores de uma riqueza inesgotável que nos faz doadores uns dos outros. Temos algo a dar e a contribuir que somente nós podemos oferecer ao crescimento do todo.
Se negarmos esta contribuição, restará um vazio que ninguém preencherá, frustrando o inteiro universo. Dom Helder Câmara, o profeta dos pobres, não cansava de repetir em suas peregrinações pelo mundo: “Ninguém é tão rico que não possa receber, como ninguém é tão pobre que não possa dar”.

Fontes: Texto de Leonardo Boff. A águia e a galinha. Uma metáfora da condição
humana. Petrópolis: Vozes, 2001. (p. 131-135)
Texto lido e digitado por María Edith Guerrero Obando.
Foto de Liliana Israele, na Casa de São Lazaro em outubro de 2009.
Este texto foi encaminhado pela nossa querida irmã do CIESL María Edith

3 comentários:

  1. MARAVILHOSO! INSPIRADOR! A foto também tá linda, parabéns pelo post!
    abraço

    ResponderExcluir
  2. que bom que você gostou Marcelo querido! contribuição de uma irmã da Casa Maria Edith e a foto minha....Liliana beijos

    ResponderExcluir
  3. Olá eu gostaria muito de assistir o video sobre amarração amorosa, que foi exibido no programa mulheres poderosas, em 05/08/2008, ou seria bom se vcs postassem uma materia q fale sobre esse assunto!

    Fico no aguardo

    ResponderExcluir